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PLASTICIDADE CEREBRAL

  • Bibiana da Silveira dos Santos Machado
  • 27 de set. de 2020
  • 3 min de leitura

A Plasticidade diz respeito a capacidade do sistema nervoso alterar algumas das suas propriedades morfológicas, em resposta à alterações externas ou internas, que ocorrem diariamente na vida dos indivíduos, de forma permanente ou pelo menos prolongada. é a base para o aprendizado do sistema nervoso em desenvolvimento e a base para reaprender no cérebro danificado na reabilitação. É maior na infância, e declina gradativamente, na vida adulta, e pode ocorrer tanto em hemisférios cerebrais intactos como em lesionados.


Há várias formas de plasticidade, (regenerativa, axônica, sináptica, dendrítica, somática e habituação) e pode ter valor compensatório, ou seja, as conexões corticais podem ser remodeladas pelas nossas experiências, alterando sinapses ou reduzindo eventos moleculares na área peri lesionada ou nas áreas mais remotas do córtex, incluindo as não diretamente prejudicadas, compensando funções perdidas.


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As repetições de atividades que envolvam gestos funcionais, provocam mais efeito do que o simples ato de o colocar a criança em cima de uma bola terapêutica. A repetição de movimento dentro de um contexto funcional, oferta a criança suporte e memória cerebral para a melhor execução de movimentos, e quando a criança repete os novos comportamentos, induz a uma neuroplasticidade mais duradoura.


A motivação e atenção são os principais moduladores da neuroplasticidade, toda vez que existe um engajamento para a realização da prática de uma atividade, somada a repetição, e a recompensa, haverá plasticidade.

Sabe-se que, crianças que praticam atividades, quanto mais motivadora for a tarefa, e se esta for de suma importância para o infante, maior será o resultado positivo.

Vem se explorando diferentes padrões de neuroplasticidade em momentos críticos de aprendizado, com terapias como a neuromodulação que pode melhorar os resultados clínicos conhecidos atualmente, proporcionando efeitos maiores e mais duradouros nos desfechos já descritos a essas crianças. Alterações no tamanho do mapa motor correlacionaram-se com benefícios funcionais, demonstrando a relevância dessas alterações corticais.


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Terapia motora é realizada para melhorar a aprendizagem motora. Ao treinar uma tarefa motora especifica, esta tarefa é processada em áreas do córtex e o processo de aprendizagem é reforçado ativando repetidamente um circuito do córtex. Se o funcionamento do córtex for apropriado, será reforçado. Por exemplo, se uma criança é treinada para abrir e feche a mão parética durante uma sessão de fisioterapia e a área corticomotora responsável por esta função tem representação ipsilateral ao movimento, a formação de as tarefas provavelmente reforçarão essa projeção.


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Imagine a aplicabilidade da ETCC - A estimulação sobre a área de projeção corticomotora diminuirá ou aumentará a atividade da área, a excitabilidade do córtex nesta região. Assim, o treinamento motor realizado com ETCC pode contribuir para um processamento corticomotor mais funcional.


O objetivo da reabilitação, independente da técnica utilizada é induzir neuroplasticidade precoce, e a interpretação das medidas de neuromodulação na neurofisiologia do córtex motor são desafiadoras pela alta variabilidade dos indivíduos que compõem os estudos, idade, tipo de lesão e grau de comprometimento funcional, e estas características influenciam nos padrões de reorganização e na capacidade de resposta da terapia. Desta forma, incluir na terapia de neuromodulação fatores que impulsionem a neuroplasticidade como intervenções baseadas no treinamento, enriquecimento ambiental, interação entre família e criança podem aumentar ainda mais a plasticidade.


Leituras sugeridas:

NOVAK, I. et al. High-risk follow-up: Early intervention and rehabilitation . Handb Clin Neurol., v.162; p:483-510; 2019.

KUO, H. C. et al. Intervention-Induced Motor Cortex Plasticity in Hemiparetic Children With Perinatal Stroke. Neurorehabil Neural Repair., v. 32; n.11; p:941-952; 2018.

ZEWDIE E. et al. Contralesional Corticomotor Neurophysiology in Hemiparetic Children With Perinatal Stroke. Neurorehabil Neural Repair.; v. 31; n. 3; p:261-271; 2017. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27885162>

Motor Cortex Plasticity in Children With Spastic Cerebral Palsy: A Systematic Review Natália de Almeida Carvalho Duarte. (2016): Motor Cortex Plasticity in Children With Spastic Cerebral Palsy: A Systematic Review, Journal of Motor Behavior, DOI: 10.1080/00222895.2016.1219310

TEO, W. et al. Does a combination of virtual reality, neuromodulation and neuroimaging provide a comprehensive platform for neurorehabilitation ?—A narrative review of the literature. Front Hum Neurosci., v. 10; n. 284; 2016. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4919322/>

Transcranial direct current stimulation in children and adolescents: a comprehensive review. Ulrich Palm, et al. J Neural Transm, 2016 Oct;123(10):1219-34. doi: 10.1007/s00702-016-1572-z.

 
 
 

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